The Congress

Depois de, em Waltz With Bashir nos dar um retrato daquela confusão toda que se passa por Israel , Ari Folman regressa com um retrato daquela confusão toda que se passa quando se tenta viajar por 5 ou 6 níveis de realidade diferentes.

Robin Wright, mais conhecida como “a gaja do Forrest Gump,” faz de Robin Wright, mais conhecida como “a gaja do Forrest Gump”. Robin Wright vende os direitos de Robin Wright a uns estúdios astuciosamente chamados “Miramount Studios”. Depois essa Robin Wright despida da sua individualidade passa a ser Robin Wright, personagem animada. Depois Robin Wright, personagem animada, passa a ser Robin Wright, literalmente um produto consumível pelas massas que poderão passar a ser ela. Depois Robin Wright, o produto consumível, passa a ser…outra coisa qualquer. É confuso. Mais baudrillardizado ainda do que O Último Grande Herói.

No meio disto temos os filhos dela, que estão lá para ela ter motivações maiores do que apenas andar a vaguear por aqueles mundos, temos um personagem que aparece do nada e que decide que vai ajudar a nossa heroína a avançar com a história (já que ela sozinha não me parece que conseguisse), aproveitando para ir expondo o que se está a passar, um produtor mau que passa a vida a enumerar coisas e o Paul Giamatti, que presumivelmente veio dar umas dicas à equipa de filmagem, visto que, em Cold Souls, ele já tinha feito um filme com um conceito praticamente igual.

The Congress tem boas ideias, sim, tem boa animação, sim, dá-nos um mundo interessante, ok, tudo bem.

Mas:
– Em primeiro lugar, todo o filme conta com o seguinte processo narrativo:
Passo 1: Alguém expõe o enredo
Passo 2: Trip psicadélica
Passo 3: Repetir Passo 1.

– As personagens são praticamente todas utilizadas como ferramentas narrativas.

– Apesar de ser uma produção israelita, francesa, belga, polaca, luxemburguesa e alemã, aparentemente só conseguiram arranjar dinheiro para um director de fotografia para o início e o fim do filme.

– Consegue meter uma pessoa a desistir de acompanhar a história e a limitar-se a “viajar”, com tanto bombardeamento de conceitos e desvios .

– Tem uma mensagem que, embora na sua génese seja interessante, acaba por ser transmitida sendo escrita num papelinho de LSD, amarrada a um tijolo e atirada directamente à cara do espectador.

– E o pior é aquele avanço 20 anos no tempo, no fim do 1º acto, onde parece que o filme vai passar a ser pós-apocalíptico, mas em vez disso passa a ser bonecada.

Poderia ter sido um grande filme. Mas é apenas um filme para falarmos a outras pessoas, fingindo assim que vemos filmes de Cannes e que temos mentes abertas para conceitos novos.

CLASSIFICAÇÃO:
Na escala dos filmes que misturam imagem real com animação que, como se sabe, vai desde Cool World até Who Framed Roger Rabbit, dou-lhe um 24.

 

Link para artigo original:

Cinema a Sério: The Congress

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